4 de out. de 2015

Sobre as partes que faltam


Semeio palavras regadas por sentimentos nobres,
Mas o solo é árido, esquecido e sem vida.
Mas de mim, onde tudo é tão maculado e impuro,
Ainda é emanada a parca luz sagrada do velho sonho primordial.

Os anjos não passam ao meu lado... 
Eu entendo... Tantas almas puras a abençoar.
Mas alguém um dia disse que os sãos não precisam de cura,
E minhas lágrimas ficaram contidas porque já escorreram o bastante.

Correndo naquela rodovia vazia, 
Sentia outra guerra sendo perdida dentro do peito.
Embora nenhum sangue mais fosse derramado.
Agora é o silêncio que perfura até a morte, não a espada.

Eu pensava levar uma última chave
Para abrir uma última porta.
Mas não havia porta...
Havia apenas, outra vez, o momento.

O momento, pequeno e sem poder,
Logo suprimido, esquecido, prensado entre as horas idênticas.
Momentos que nunca serão as partes que faltam.
Que nunca completarão as asas que um dia foram completas.