12 de out. de 2015

O barqueiro


Não está tão distante a tarde em que se sonhava.
Lágrimas desciam... e não eram amargas ou contaminadas
Pelo veneno mortal da indiferença.
Havia um horizonte claro em que o olhar podia se perder.
E nem mesmo o todo poderoso Medo podia arrancar do peito
A Luz Sagrada que ali queimava
E iluminada todos os cantos de todos os labirintos.

Mas quem diria que eu velejava em barco tão frágil?
Quem me aconselhou a não levar comigo
Todos os mais valiosos tesouros da alma?
A paz, a fé, a esperança, o Amor.
Soltos sobre tábuas finas...
E eu me esqueci que não existe mar sem tempestade,
Pois mesmo em lugar nenhum, eu estava em um lar.

E ao soprar do primeiro vento, ao cair das primeiras gotas,
Treme e range o pequeno e amado barco...
Minha relíquias são lançadas ao mar negro, uma a uma.
Tudo o que eu vejo simplesmente não faz sentido!
As rotas estavam traçadas, eram seguras.
O destino era certo!
Há pouco havia calmaria e azul no céu...

Mergulho na escuridão salgada, por fim.
E dentre tantos demônios submarinos
Mal posso lutar ao ser roubada de mim a última preciosidade.
Mais valiosa que o oxigênio que me faltava,
Mais vital que o lar, que na verdade nunca foi seguro.
Vejo se distanciando o lume fraco do meu Coração.
Levado por mãos agora estranhas e frias e mortas...