5 de out. de 2015

Poucas cinzas

Que era a luminosidade daquela estrela peculiar,
Ascendo pelo firmamento negro,
Se comparada à claridade que tua alma emanava?

Alvíssima alma! Imaculada, preciosa...
Cujo brilho queimou meus olhos tolos,
Meus olhos que a nada mais pertenciam.

Pois a toquei, e tudo fez-se primavera.
Meus pântanos cobriram-se de lírios,
Meus escombros, novas fortalezas se tornaram.

Mas chegou a manhã ignóbil,
Vestida da realidade em carne crua, sangrenta.
Como o cetim atirado às chamas, decompõe-se o sonho primordial.

Restam em minhas mãos frias apenas poucas cinzas.
Cinzas de memórias sem vida,
Memórias imóveis.

Enfim o Silêncio tira a espada fincada em meu peito.
Jaz no solo a última gota de esperança,
E eu estou cansado.

Adeus, amada dor minha;
Por quatrocentos dias minhas lágrimas te regaram.
Nesta alma já não há solo para tuas raízes...