2 de mar. de 2015

Basta-te


De que serve a beleza da rosa mais perfeita,
Se apenas o sol inclemente observa suas cores?
De que serve o coração já lapidado, exausto de golpes,
Agora mais forte e reluzente, se repousa no fundo do mar?

Derrama teus sonhos e tua fé aos pés da flor frágil.
Livra-te deles, livra os outros deles.
Segue leve, porque a montanha iluminada não existe,
Como não existe nenhum culpado além do visto no reflexo.

Que te falta para ser fera?
Para saciar tua fome e sede do sangue das esperanças?
Pobre criatura em jaula de luz!
Jaulas são sempre jaulas.

Em silencio busca o perfume e o brilho dos olhos vermelhos,
Já delegando a eles o motivo do teu sorriso...
Se assim é, já aguarde o pranto, o batimento lento do coração.
Basta-te, porque lá fora não haverá nada teu.