19 de nov. de 2015

Migalhas


Quem imagina o escorrer de lágrimas sulfúricas,
Quando a noite é de puro silêncio e parca luminosidade,
E o coração se agarra em memórias
Que lentamente vão se diluindo junto das esperanças?

Restam mínimas faíscas do antigo brilho nos olhos...
Os olhos nunca mais vistos de perto.
Restam migalhas de sentimentos; momentos;
E eu ainda reluto com a rasura absurda da vida antes profunda.

Chegará o dia do fim da saudade.
O dia em que a indiferença imposta assassinará sem piedade
A memória guardiã dos milagres um dia provados.
Talvez seja o instante do fim, ou do início.

É o tempo da superficialidade, do líquido, transitório;
Ocupar temporariamente o lugar de algo melhor que ainda virá.
Em resposta à alma oferecida plena, em baquete,
Se terá restos, minutos irrisórios, migalhas insípidas.