26 de jul. de 2016

Talvez amanhã



Talvez amanhã não nasça o sol,
Tudo fique amarelo e murcho,
Como se o mundo estivesse preso em um agosto eterno,
De parca vida e beleza.

Talvez amanhã meus olhos se esqueçam de ter brilho,
Minhas mãos desistam de acariciar a terra,
Minha alma não absorva mais qualquer poesia,
E se depare enfim com a realidade insípida que a assombra.

Talvez amanhã eu descubra que o amor
Não é nada além de uma mentira mal contada,
Um entorpecente escasso
Para consolar mentes em ebulição.

Talvez amanhã a vida perca definitivamente sua cor,
Seu calor, seu sentido.
Talvez amanhã.

Mas não hoje.