14 de ago. de 2015

Há temporal


Onde repousam as pequenas epifanias,
Cultivadas com tanto esmero
Naquele velho jardim, já adoecido pelo inverno,
Arrancadas pelos temporais?

Há um paraíso atemporal para as ilusões partidas,
Onde nada se esquece, nada falece?
Um lugar-qualquer, onde a realidade
Não sopra, não ruge, não deságua inclemente do céu?

Aqui ainda chove...
Água salgada, água fria e ácida,
Que escorre pelos velhos escombros
E rouba o verde das árvores, o azul do céu.

Ainda chove...
Mas não o bastante.
Ainda há vida, memória, sonho.
Ainda há o que não mais existe.