12 de ago. de 2015

Aos poucos, é o adeus.


Colho o que resta, dia após dia,
O que resta dos tempos áureos.
Há um pequeno resto deles na luz do sol poente,
Brilhando a poeira de agosto nos telhados velhos.

Deixe...
Deixe que a voz, o sussurro, a paixão da moça cansada
Preencha o coração de deliciosa dor.
É simples: é uma tristeza bela.
Até isso... A tristeza que ficou é bela;
Como um sopro frio no rosto
Quando saímos à rua pela manhã.
Um resto de noite ainda pairando
Onde não mais pode existir.

Já é dia, os sonhos adormecem...
De algumas cicatrizes cuidamos com mais carinho.
Carinho semelhante ao do olhar
Vendo as folhas vermelhas como sangue das árvores caindo...
Dando espaço para novas folhas verdes como esperança

Veja bem: é aos poucos, o adeus.
E até os mais amigos chamam de imbecis minhas lágrimas,
Mas eu sei que elas não são.
Aos poucos, é o adeus.

As preciosidades vão sendo roubadas do peito,
Pouco a pouco, uma a uma,
Enquanto eu finjo não perceber
Que é meu próprio coração sendo levado aos pedaços.