15 de jul. de 2015

Antes do mundo acabar



E os dias escurecidos,
Sem um brilho não mais como aquele antigo
Apontam que algo muito valioso e belo,
Delicado e gentil,
Foi atirado ao chão e ali permanece destroçado.

Os bárbaros estão vindo...
É o fim da infância, meu inexistente amor.
Eles querem nos silenciar,
Eles querem que tenhamos medo.
Mas eu ouvirei mais uma canção antes do mundo acabar.

Que eu morra de mãos estendidas,
E que nelas seja visto que um dia tocaram o Sonho.
Não o Sonho que parte, não o Sonho que desiste,
Mas o que queima vivo como lava
Dentro de um peito cada vez mais endurecido.

Ainda estão lá aquelas velhas estrelas,
Aquelas velhas ilusões...
Seriam mesmo uma mentira?
Seria mesmo tudo uma mentira?
Mas eu vi, eu vi uma estrela ascender.

Eu vi um pedaço de arco-íris
Numa manhã de sábado sem chuva;
E por um instante acreditei em bons presságios.
Eu vi uma delicada rosa esconder
O brilho orgulhoso do sol.

Por um ano bebi da indiferença,
Como se não a tivesse bebido também em todos os anteriores.
Talvez seja o fim do mundo, meu inexistente amor,
Mas eu ouvirei mais uma vez aquela bela canção,
E de alguma forma, a canção não mais findará.