29 de nov. de 2014

Bate de novo




Pode ter sido entregue às trevas o morno coração.
E todas as lágrimas que jorraram provavam 
Que o medo e a dor eram bem reais.

Mas há o desejo oculto e silencioso pela Luz.
Como o morador da praça, olhando com meiguice sua árvore de natal;
enfeites humildes num pinheirinho torto... É necessária a poesia.

Ele olhava aquelas pequenas cores com uma certa esperança,
E eu vi que o que há dentro dele é muito maior e reluzente
Do que a realidade fria que o aprisionava. Seu coração ainda luta.

Agora que minha mesquinhez começa a se despedir
Me desfaço de tantos sonhos vazios, ressequidos.
Recomeço a ser aquecido por uma claridade distante.

Nos assustaria a distância? Pois não devia...
Já há tanto a temer, sangrar, gemer...
Sei que os abraços podem dizimar os quilômetros.

Há em mim este coração cansado e desmemoriado.
Um aroma, uma canção, um sorriso...
E ele se esquece do dia em que morreu.

Bate de novo.