14 de nov. de 2014

Ao enxergar o infinito


Talvez quando meus pés nus pisarem em areias brancas
e minha mente se alinhar com o mar sem fim, eu não tema.
Quem sabe, todos os dias findados, todas as histórias, todas as memórias,
não estejam de mãos dadas ao meu lado;
Como crianças deslumbradas com o primeiro contato com a imensidão.

Hoje me fere o corpo que me enjaula.
Fere porque sinto a dimensão das asas amarradas.
E quem amei talvez nunca tenha entendido porque chorei ao ver estrelas,
era meu infinito que eu via.
Era eu, pequeno, livre e reluzente, tão distante lá em cima.

Mas naquele momento havia outro corpo a equilibrar o meu,
o meu com a alma rodopiando em devaneios. 
Já não há. Talvez não haja mais. Talvez nunca tenha havido.
E apenas, como quando criança, eu pense por algum momento
que são reais minhas magias imaginárias.

Somente nos sonhos minhas mãos ainda são mágicas,
como naquela infância perdida em outrora.
No mundo real, no mundo que nos aprisiona,
apenas vagas palavras fluem dos dedos,
tão fracas, tão esquecíveis.

Entretanto, há o sonho.
Mesmo que cravado como uma pedra preciosa em rocha profunda;
ainda respira o sonho.
E é ele o infinito em que repousa meu olhar por instantes,
como se o mundo ao redor não estive em chamas.