5 de jul. de 2014

O porquê das flores


Não que terra seja gente, 
mas penso que tudo que é criação de Deus gosta de carinho.
Por isso, antes de plantar acaricio a terra úmida e
e me emociono por lembrar que abaixo dos homens duros, 
das mulheres duras, dos prédios, ruas e calçadas duras,
existe terra macia e fofa.
Me emociono também, e principalmente, porque aquela maciez 
é quase próxima à maciez da pele de quem tanto amo.

E quando penso no amor tanto, lembro da árvore imensa, coberta de flores enormes.
Minha irmã disse que os galhos pareciam labaredas, 
assim, cobertos de tantas flores de vermelho vivo como fogo,
E por dentro o coração sorriu, porque lembrou de uma velha infância em que ambos passavam momentos e momentos embaixo de árvores, em cima de árvores, rodeados de árvores,
falando de um pouco tudo ou apenas em silêncio, que diz mais ainda.

Dizem que não existe amor grande ou pequeno,
Que não existe amar muito ou amar pouco.
Que existe só o amar.
Dizem... dizem.
Se a alguém fosse dado o poder de definir a dimensão do amor,
qual seria a serventia da poesia, do poeta, do coração mais ou menos acelerado?

O que sei da serventia, é das flores.
Elas servem para alimentar o amor.
Vê a borboleta, a abelha, o besouro?
São pedacinhos de amor, pra lá e pra cá, 
Cumprindo frágil e vital sina.

As reles, humildes flores desse meu Jardim
também são para alimentar o Amor.
São para agradar aqueles olhos cor de céu e de mar.
São para consolar
um pouco
meu coração quando o Amor aqui não está.