26 de mai. de 2014

Le Fol


Que vemos à frente, caro Louco, caro Tolo?
Não foram o bastante os arranhões da Vida?
Por que mantemos a face serena, inocente demais para quem
derramou o tipo de lágrima que nós já derramamos?

Deixamos tudo para trás?
Ou de tão pequeno, cabe-se nosso mundo num saco?
Atingiremos os poderes mágicos?
Sabemos onde nossos pés deixam suas marcas?

Perde-se em teus caminhos pelos campos; apenas eu te encontro.
Perde-se em teus tudos e em teus nadas; tal qual eu.
Da mesma manhã cinza e gélida e morta,
Nasce o sol e brotam as flores e a vida.

Há aquela imensa nuvem escura no horizonte,
Não há?
Mas a luz ainda penetra, permanece.
Sigamos nossas trilhas.

Se te encontro, é sorte?
O perfume que o ar traz é verdadeiro?
Ou entreténs meu coração infantil com ilusões,
da mesma forma que ludibria teus nobres?

Ou sou eu que te engano, Le Fol, ao fingir-me enganado?
Seria eu o mais realista dos homens fascinados?
O único crescido da Terra do Nunca?
O único sóbrio na Cidade das Esmeraldas?



“Sai o sol e se põe, e outra vez volta ao seu lugar, onde torna a nascer...”