23 de mai. de 2014

Castelo nas Nuvens


Compreendo as fraquezas do meu coração forte,
Suas angústias, seus medos tão mesquinhos, 
Suas ânsias dantescas.
Em princípio choro sob a água quente,
Aperto os dedos com fúria,
Sinto vontade de rasgar as roupas e peças da realidade.

Mas logo amanso.
De onde escorre um mar de lava, quente e furioso,
Deixo que escorra apenas riacho suave e frágil.
Nele me banho, me batizo, me diluo.

Eu perdoo meu coração por exigir sonhos gigantes,
Exigir de mim, 
Que sou tão pequenino, que próximo do nada tenho a oferecer.
Ou era isso, ou era esse clamor infindo, essa busca infinda,
Essa petulância absurda de, em minha sujidade, 
desejar tua presença imaculada,
Ou era tornar-me quase tão morto quanto meus fantasmas.

Pois daqui, neste Castelo nas Nuvens, tudo o que vejo são belezas.
Minha alma baila ao luar como se fosse livre de pecados,
Como se fizesse algum sentido,
Como se fosse água pura e cristalina,
Como se tivesse realmente perdoado a si mesma.

Aceito o que me cabe, ainda a chorar...
Aceito necessitar do amor mais que tudo,
Sem jamais me sentir digno dele.
Aceito sentar-me à tua mesa, 
Saciar minha fome com teu Pão,
Saciar minha sede com teu Vinho.

Peço para adentrar em teu imenso e belo reino,
Cuidar do teu jardim, me apaixonar por todas tuas flores,
Mesmo que um dia me peças para deixar...
Suplico para saborear a felicidade,
Mesmo que a falta dela venha a doer como o não respirar.