23 de jun. de 2012

O amor é um lar

Você não sabe que esteve em meus sonhos nessa noite.
Então digo a você que não só estava, como correu até mim e me embrulhou num abraço forte, macio e morno.
Você tinha seu sorriso amável e misterioso de menina, como sempre.
Tinha os cabelos vermelhos sendo ondulados pelo vento.
Quando me abraçou eu a amava e estava em casa...
Deste sonho carrego também a lembrança de um grande lago, raso e de águas cristalinas, escondido em meio a pequenas vegetações.
Eu amava aquele lugar, com toda minha alma, embora pela primeira vez pousasse meu olhar naquela paisagem.
Pois aquele lugar era uma espécie de lar.                                                   
O sonho continuou, e já não era tão leve e belo.
Como não poderia deixar de ser, eu estava sendo perseguido por seres que se esgueiram na escuridão.
Porém, também como sempre foi, eu era grande e forte, e o medo não era paralisador.
Eu os venci todos, quando abri certa porta e encontrei ali pessoas que eu amava, embora não reconhecesse suas faces.
Novamente, eu estava em casa.
Então me dei a pensar sobre o que ainda denomino como amor.
O que é o amor?
Para mim era pura e simplesmente a única salvação.
A remissão de todos meus pecados e o passaporte oficial para os paraísos.
Para mim, era evolução milagrosa de uma alma fraca que sempre viveu perdida em suas culpas e devaneios.
Porém hoje, desperto neste dia tão lindo quanto frio, e começo a sentir que as coisas mudaram...
Na verdade já não se faz mais necessária a salvação, pois talvez não haja mais do que ser salvo.
Não se faz mais necessário o coração disparado e enfurecido de alegria, pois essa fúria passa, deixando o vazio.
Não se faz necessário que o amor seja o guerreiro imortal de cavalo branco e asas imensas, pois os contos de fadas, definitivamente e infelizmente, partiram.
Se faz necessário que o amor seja esse lar que encontrei em meus sonhos.
Se faz necessário o abrigo, o saber-se bem-vindo sempre.
Se faz necessário o calor, o alento, a presença, mesmo silenciosa.
Se faz necessário você aqui, e eu aí, intensamente.