22 de jun. de 2012

Fogo líquido



Este coração que tem aparência tão dura e fria já foi quente e macio.
Este coração que é afagado pelo vento frio dum início de inverno já foi mais aberto.
Já foi mais sensível.
Já foi mais pulsante.

Mas o mundo ainda está lá fora, com suas cores quentes.
E tantas vezes ainda também parece haver vida aqui dentro.

Eu sei, foram as erupções que deixaram meu peito duro e frio.
Quanto tão tocado ele vazou fogo líquido.
É uma dor tão maravilhosa.
Fogo que escorre, destrói, fertiliza.
Fogo que cravejou na crosta desta alma tudo o que ela viu de belo.

Quando o fogo cessa ouço canções tristes, mas não doloridas.
Canções de despedida, mas não de adeus.
Canções solitárias.
Canções que recordam a sensação de descobrir novos tesouros.
Pois embora os ventos frios sejam bem-vindos, dá saudade das tardes mornas.