7 de mai. de 2011

A última flor morreu

Eu sinto sua falta, ainda sinto,
Mas essa falta já não dói mais; ela não grita, não geme, não soluça.
Eu sinto sua falta sem que no fundo ainda espere por ti,
Por isso temo...
Temo amar a ideia de tua existência,
E não um “você” que possa, um dia vir a ser real.
Temo estar apaixonado mais pela pequena janela pela qual observo o mundo,
do que o próprio mundo.

Eu reviro fotografias, canções e poemas vazios.
Eu escavo jardins e semeio flores,
Eu blasfemo, giro, oro e canto...
Tudo pela busca desse sentido que nunca tive provas de existir.
Apenas sei dos milagres que acontecem distantes, como os clarões e relâmpagos de raios que nem ao menos ouço a queda.

Vasculho em todos os olhares, mas sem esperança.
Componho tantas canções, mas não haverá voz para elas.
E meu sorriso é um lago raso, fácil de secar.