22 de mai. de 2011

Aço e flor (parte l)


O pouco que te ofereço é sim verdade.
Pura verdade.
Às vezes até perfumada verdade.
O que te ofereço não mente, não trai, não peca.
É puro, risonho, límpido.
O que te ofereço é calmo como oração,
Doce como bala de iogurte,
Gostoso como torcida feliz no fim do jogo vencido.
O que te ofereço vem das próprias migalhas que Deus derrama pelos caminhos que percorro.
Tudo o que sinto é de uma realidade irrefutável,
Cada cor, cada som, cada pétala, cada aroma.
Todos os sentimentos que eu entregar em seus braços são filhos legítimos meus, fecundados por um amor sublime.

Frio sou eu, EU mesmo.

Não confie tanto em mim.
Não acredite tanto no que dizem ao meu respeito.
Não se maravilhe com uma luz que não possuo, com asas que não me desatam do solo.
Pois sou uma alma de metal, apenas condenada a gerar flores.

Eis minha benção dos Céus: gerar flores, quando posso.

Porque hoje eu me vejo morto em mim.
Duro.
Um Jardineiro Fiel, automático, laborando com maestria sua sina.
Uma escultura de aço, imutável, solitária,
Carente de vida.