2 de mai. de 2011

É você, Papai?

Posso dizer que estou num limiar entre dois abismos,
Um iluminado, em tons quentes, com pessoas que sorriem,
Há uma floresta de árvores novas, e o vento move os capinzais.
Há um moço bonito, com os olhos tampados por fitas pretas, contanto até quatro...
Ele tem uma risada muita feia, mas sua voz é muito doce; me sentiria seguro ao lado dele.
O outro abismo é frio, e há muitos serres com máscaras e suas vozes são grosseiras.
É tudo tão feio e mal iluminado...
Há um homem de pele muito branca e olhos negros que tomam boa parte da face,
Ele me assusta muito.

Perdoa-me, Papai, se tantas vezes não sei ouvir sua voz e ameaço me precipitar no lado negro de mim,
Perdoa-me se não entendo que você moveria todos os sonhos para virem ao meu socorro,
Perdoa-me se não acredito que neste instante eu sou tudo o que você precisa que eu seja.

É você, Papai, vindo pessoalmente ao meu resgate?
É seu canto, suave e gostoso como o dos beija-flores, que envolve todos meus soluços e transforma-os em pequenas canções?

Eu prometo-te não desistir de nós tão facilmente,
Aqui, nesta noite tão fria, às 22:47.
Prometo-nos, Papai, continuar falando das flores,
E das chuvas e do amor, porque alguém há de me ouvir,
Alguém há de colher um pouco de você nos jardins que eu plantar.
Eu prometo, Papai, sair ao sol amanhã, e sorrir para um completo desconhecido.
Eu prometo, lutar outra vez por nós.

Porque você respondeu, Papai!
Você respondeu...