Há essa velha voz que se propaga
Incessantemente
Por todos os cantos do espírito
Às vezes terrivelmente ensurdecedora
Às vezes inofensivamente branda
Em certas manhas ela se cala
Como se o mundo fosse uma máquina bem lubrificada
Emitindo poucos ruídos
Existindo sem muito sentido de existir
Em certas tardes ela é rude e áspera
E se propaga como se quisesse ferir
E fere
E eu sangro
E em certas noites ela me lembra de todos os milagres enjaulados
Das asas dobradas e pesadas que carrego nas costas
Que me fariam alçar voos magníficos
Por terras ainda inexploradas
Mas nos sonhos ela canta melodias adocicadas
Canções de tempos de outrora
Passados e vindouros
E por um instante adormece
Enquanto me confessa ser eu mesmo que canto.
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