24 de ago. de 2021

24/08/2021

 


Meu nome repousa no leito de um rio de esquecimento junto a tantas outras pequenas coisas deixadas para sempre;

Apenas os ferimentos que também causei flutuam na superfície, visíveis.

E já não resta nenhuma das flores cultivadas e oferecidas; jazem descartadas como as promessas, como os anseios, como a tola esperança. 

Talvez seja pelo céu coberto de cinzas, pela estiagem que parece nunca ter a gentileza de um fim; talvez seja pelo acidente com uma fotografia; e pequenos estilhaços quase perigosos de dias sepultados são levantados de suas tumbas pelo mesmo vento inclemente que a tudo encobre de poeira e nostalgia. 

Não era nada tão grande para doer como doeu - eis o pior. 

Era apenas o mundo desabando e tornando qualquer abrigo um imenso palácio,

Mas ainda que este abrigo fosse uma armadilha,

E os dentes de ferro tenham deixado marcas profundas,

Era um abrigo. 

Contudo, como se de algo soubesse, eu dizia à atenta e forte moça que tudo estava imerso em um inexplicável milagre, e tudo, todos os movimentos, todas as palavras, todos os gestos; tudo era uma resposta de gratidão. 

Então junto ao vento sopro as jovens assombrações de volta ao seu repouso. As canções tristes findam e a noite morna reina soberana e quase silenciosa. 

É tarde para quaisquer saudades,

É cedo para viver de lembranças.