De algum lugar talvez você também esteja notando que o azul do céu tem se desbotado,
E tenha suspirado de apreensão diante de tantas vozes embaralhadas;
Sons confusos sobre salvações e perdições,
Sobre o fim e o início dos tempos.
De algum lugar talvez você esteja procurando a minha face nas faces ao redor,
Também sem saber quem sou,
Também sem saber se um dia vou chegar.
E eu penso que os anjos erraram quando disseram que não é necessário segurar outras mãos para alçar voo a algum paraíso que ainda possa ter restado,
Porque meus dedos não perdem a insistência de buscar pelo vazio o calor de outros.
Em verdade, é bem provável que as velhas utopias tenham se tornado apenas alucinações que vagam soltas em todos os agostos, e estejam já empalidecendo e desbotando, como este céu.
De algum lugar talvez você pense que é possível encontrar alguma beleza esquecida por acaso em caminhos estéreis e mal iluminados, como eu. E talvez sinta algum conforto ao ouvir o ronronar doce e melancólico da cidade pelo fim da tarde, e se deixe sonhar um pouco com leves e novos dias.
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