9 de jul. de 2021

09/07/2021

 


A poesia resiste para louvar tudo o que é eterno:

As flores novas no jardim sob o sol de inverno,

A canção que ecoa pelos vãos luminosos da alma,

O perfume da memória que o vento traz quando faz curvas sem pensar, 

As crianças que aos poucos voltam a correr pelas ruas de domingo, 

O amor...

O amor que disse adeus e que por isso jamais irá embora.

A poesia insiste por não ser vista. 

Ignorada ela cresce forte e lentamente pelas rachaduras que o tempo vai abrindo pelo chão e pelo coração,

Como as raízes dos belos e bailarinos salgueiros. 

A poesia permanece porque nem tudo precisa de cura ou perdão o tempo todo, só que sendo tantas vezes o único antídoto para todas as coisas, ela escorre docemente pelos trilhos, telhados e ladrilhos, 

Como a chuva santa que se esqueceu desses cantos inóspitos, 

Mas que quando retornar, trará como sempre vida em abundância.

A poesia se despediu junto dos dias ingênuos da infância que a cada estação que se esvai parecem mais um sonho,

E por isso ela nunca, 

Nunca deixará de estar bem aqui.