2 de jul. de 2021

02/07/2021


Rende-se o azul-safira do céu ao onix brando, frio e estrelado. 

Tamanha escuridez...

Desabaram das nuvens os castelos seguros da infância, e como um alquímico em busca do impossível, depuramos lascas de realidade afoitos por alguma beleza.

A noite se faz sem encanto, feito a pequena flor de lavanda que perfumava muito suavemente as horas tristes de mais uma tarde de despedidas.

E após a Deus, é diante das palavras que me ajoelho em busca do consolo.

Outro pranto, outro adeus.

Outra luz de sorriso que se apaga, outra estrada nunca mais cruzada. 

Que dizer dos laços inquebráveis do amor quando o amor para quase sempre se cala? 

Outro pranto, outro adeus...

E Deus em seu santo silêncio e as palavras que fluem ralas, insossas.

Que dizer sobre as mãos que não serão mais dadas?

Desconfio que nem algum grande poeta saberia.

Só que há alguma relíquia oculta na alma entoando uma canção sobre dias serenos. Sim, há.

E percebo que então a voz de Deus se mistura à voz de todas as coisas, e ela ecoa;

E as palavras tentam, insistem mais uma vez, mesmo em sua profunda modéstia, em acariciar com ternura o passar lento e dolorido dos dias.