14 de fev. de 2018

Falo às palavras


Talvez eu amasse o eu em você, talvez eu amasse em você tudo o que em você havia de mim em uma versão aperfeiçoada, praticamente perfeita.
A versão finalizada de uma obra que é lapidada tão lentamente.
Isso explica uma saudade que vinha do âmago para fora.
Seria mais fácil acreditar que tudo é apenas uma grande mentira. Acreditar na imaturidade do meu espírito que tão facilmente se deslumbrou com cores e luzes. Mas não havia caminho fácil e eu sabia que eu não era do tipo que conseguia negar a verdade.
Sei que novos ventos irão soprar nas velhas e rotas velas que ainda se mantêm hasteadas.
A vida segue, mesmo quando parece não haver mais haver tranquilidade no mar por onde se navegar.
Eu amo. Agora um amor só meu. Que me faz olhar uma flor e chorar sorrindo. "Agora você está entendendo o que é ser homem" diria um sábio amigo.
Nossas fragilidades são tão belas...
Bem lá no fundo, ainda restava fagulhas daquele velho amor pela dor, por ser ela tudo o que restou de tempos mais singelos e belos.
O mundo era grande, as distâncias eram imensas, mas tínhamos ao nosso favor nossa inocência recém reclama.
Então veio a luz, e antes de nos cegar parcialmente revelou tudo o que existia além daqueles mundos encantados; não fora, mas dentro da gente. Ainda que amássemos, tínhamos pecados, fraquezas tantas, orgulhos a se ferir, pequenos e grandes medos. Era de se esperar que ruíssemos. E ruímos.
Falo às palavras apenas, ninguém mais ouve a minha voz.
O mundo que abriga minhas fantasias é escuro e silencioso como essa madrugada, e dorme.
Que bom assim.