12 de dez. de 2017

Fênix


Por vezes, dentre tantas dores e descaminhos,
Restava uma nuance de esperança nos trilhos da vida.
Uma miragem bonita no horizonte,
Como aqueles pedaços de arco-íris
Que resistem alguns instantes suspensos no céu
Antes da volta permanente do sol.

Um segundo sem desespero
Nesse mar repleto de náufragos...

Dos mesmos olhos despidos de ilusão
Escorriam lágrimas quase impeceptíveis
Ao pensar numa esperança tão vaga,
Tão etérea e distante...
Mas presente, ali...
Fazendo-se existir.

Uma pequena bela angústia
Brotando dos dedos sujos e cansados de revolver o solo duro da fé.

E todas as partes arrancadas e murchando no solo quente,
Brotarão novamente, florescerão novamente.
Não poderão aprisionar nosso espírito,
Como não se aprisiona as cores de uma delicada flor.
É bem pouco esse contentamento descontente, eu sei,
Mas somos mais fortes e encantadores do que nos vemos.

Estão nos tornando cinzas;
Mas somos fênix...