16 de out. de 2014

Ausência


Deve haver um lugar onde jazem 
todas as belas coisas sufocadas pelo silêncio.
Deve haver um lugar onde repousam 
as flores queimadas por um sol indiferente.

A esperança, insistente como as bravas roseiras,
luta para continuar a oferecer cor e perfume.
Mesmo em tempos tão ressequidos,
mesmo entre tantos sentimentos desperdiçados.

Elas, a esperança, a fé, não desistem.
E fico feliz, pois eu já desisti.
Mas elas são tão bonitas e alegres
que permaneço as seguindo.

Poupo as lágrimas para as dores e os medos insuportáveis.
Aceno com gentileza para o sonho que me desdenha.
Aconchego-me nos braços frios da ausência e quase sinto paz;
Uma paz insossa, infértil, como a de um vale onde tudo já pereceu.