22 de set. de 2014

Belo


É preciso que se recorde:
Aquela tarde se pôs mais dourada que qualquer outra tarde.
Ainda que a luz esbarrasse nas árvores e edifícios,
a alma, enfim livre, enxergava o horizonte sem fim;
sem medos, sem dores, sem muros...
Apenas os jasmins, os gramados, a imensidão.

Havia a rosa, tingida de paz por fora, de amor por dentro.
Tão bela a rosa, tão belo o momento.
E não causava angústia a fragilidade dela, ou a minha;
algo em nós é eterno. Eu sinto.
A esperança age por meios desconhecidos.

É preciso que se preserve:
Nunca foi observada tamanha doçura;
nos olhos, gestos, palavras, pensamentos.
Não foi preciso mais que a presença para tocar o paraíso.
Tão leve, tão profundo, tão próximo.

O Belo não era apenas admirado, o Belo era uma parte, uma extensão.
Tal experiência soprou vida à uma fé cambaleante.
E a intensidade do Belo me traga, absorve, aninha-me em seu âmago.
Faz-me vivo. 

É preciso agradecer:
Houve uma tarde dourada, morna, dócil.
Houve uma felicidade desconhecida circulando por veias e jardins.
Houve um sorriso ininterrupto pelos quilômetros de distância.

Houve...
E ainda há.