5 de jun. de 2014

Velhos Paraísos



O vento leve e morno do outono 
é como um abraço macio e demorado
que eleva meus pés do chão estéril 
e deita-me nas relvas frescas dos meus velhos paraísos.

Um dia bastou esse vento e o sol
pra que a felicidade desabrochasse como as flores rosadas do canavial.
Bastou o silêncio e o bailar das árvores
para que eu brincasse na areia branca com meus poderes mágicos.

Lentamente dissipam-se,
como o frio da manhã,
os lamentos e expectativas.
Assim, o sono é calmo, o corpo repousa
como que em um barco, embalado por ondas preguiçosas.

Velejamos juntos...
Torpor e sobriedade, sonho e realidade,
Para todo lugar e lugar algum.

Continuo acreditando que as nuvens são castelos de algodão,
Não por desconhecer a verdade, mas por opção.
Continuo acreditando que ainda tenho o poder de cruzar o céu,
nas tardes e nas madrugadas,
Sobrevoando bosques e cidades com asas feitas de ilusão.
Continuo, ainda que, na verdade, eu não exista.