16 de jun. de 2014

Eu que não sei quase nada de amar



Eu que não sei quase nada de amar, amo.

Uns dizem que o amor morreu, lá atrás, junto das rosas e das cartas
E de um tempo em que existiam mais eternidades.
Outros, que o amor é o ouro dos tolos,
Um último refúgio, abrigo, esperança, em meio ao caos estúpido e sem sentido aparente da vida.
A frágil dama disse que o amor é um jogo de azar, que se joga acreditando nunca perder.
A bela deusa disse que o amor é como a chuva, que cai lavando a tristeza, levando embora a dor.
Para o menino, tão pequenino, o amor são asas fortes, que quebram as correntes de vento e o elevam acima do que há acima das nuvens.
Para o pecador, o amor é a remissão dos pecados, 
A segunda chance divina, 
A prova de que Deus tem bons ouvidos.

E para mim, que não sei quase nada de amar, mas tanto amo,
O amor é uma tarde de outono, quase inverno...
Os ipês que margeavam o velho e humilde córrego faziam chover suas flores rosadas, lentamente;
O sol flutuava no céu como uma memória feliz;
E você estava ali, ao meu lado - com seus olhos que, de tão perfeitos, causam inveja até ao azul do firmamento -
Oferecendo docilidades, pequenas promessas, um toque de leve na pele para não incomodar os mais ignorantes.
O amor, todo ele, toda a imensidão dele, é estar sentado ao seu lado;
Olhando para a mesma direção, para os mesmos sonhos.
Com uma corda de felicidade amarrada de um lado do coração, 
e uma corda de tristeza amarrada ao outro lado, 
cada uma puxando para o seu lado.

O amor é ter o coração ao meio, e continuar em vida.
É descobrir, maravilhado, que o sagrado reside em todas as coisas.
Que tudo, cada átomo, está impregnado de uma força Superior.

O amor é olhar sem desespero para a distância,
Pois só ele torna o mundo um grão de areia,
E aqueles que o sentem, maiores que os oceanos.

Para mim, mesmo não sabendo quase nada de amar,
O Amor é o que mantém acesa e aquecida a alma,
O que mantém, verdadeiramente, a vida viva.