8 de jan. de 2014

O baile


A taças foram poucas, o suficiente para que as luzes aparentassem brilhar um pouco mais do que realmente brilham...
Para o que os movimentos fossem um pouco mais doces e lentos.

Eu vi as nuvens vermelhas surgirem e sumirem,
Enquanto dançava solitário na terra úmida olhando as estrelas raras, 
quase sem brilho. Eu, as estrelas... quase sem brilho.
Abraçado por brisas e relâmpagos que estouravam nos quatro horizontes,
Dançava.

A canção faz-se meu sonho, meu amor.
Entrego-me a ela fingindo santa embriaguez.
Não há perdão a ser pedido,
Promessa a ser jurada,
Adeus a ser dito,
Socorro a ser clamado.

Aproximou-se a saudade do que ainda não houve,
Dançamos como se nos amássemos também,
E nos amamos.
Dançamos como velhos conhecidos, como loucos, como espíritos indomados.
Sujamo-nos da nossa vontade de vida, da nossa sede de sentimentos.

Sutilmente o desejo se aproxima toma-me nos braços fortes.
Toca-me delicadamente... Toca-me por completo.
O corpo silencioso...
Mas a alma excita-se, acende-se, ascende-se.
E o que era um baile solitário de um homem com sua pequena taça de cristal,
Meio cheia do doce sangue divino,
Torna-se um baile de corpo, alma, sentimentos, relâmpagos, estrelas, flores, ânsias...
Todos semi-entorpecidos, todos semivivos, todos semiluminosos, todos semi-insanos,
Todos completamente livres.