25 de jan. de 2014

Corpo e alma


Não partes por medo de deixar o que amas, o que conheces.
Não partes por acreditar que amas algo, que conheces algo.
Quando na verdade não sabes amar, quando na verdade nada conheces.
Tomastes o caminho mais seguro, o menos doloroso.
Fizestes escolhas baseadas no maldito bem de todos.
Então, admiras de tão longe as luzes que teus olhos nunca ousarão vislumbrar de perto.
Aspiras o perfume sutil e evanescente das ilusões que nasceram e morreram em terras desconhecidas.
Aceitas com falsa e asquerosa resignação o destino a que estás acorrentado.

A quem teus braços oferecem proteção?
Que coração tuas palavras confortam?
Para qual olhar teu sorriso tem significado?
Que canteiros, que ruas, que praças, que jardins são realmente teus?
Que sentimentos... que sentimentos prova-me terem sido verdadeiros?

Teu corpo teme,
tua alma voa.
Teu corpo recua,
tua alma entrega-se.
Teu corpo treme,
tua alma transpira.
Teu corpo degusta,
tua alma devora.
Teu corpo desiste,
tua alma luta.
Teu corpo silencia,
tua alma grita.
Teu corpo geme,
tua alma goza.

Aonde quer que aportes, não há paz para homens como tu.
Não há água suficiente para tua sede.
Não há beleza suficiente para a fome do teu olhar...
Pois o corpo é frágil, ínfimo, limitado.
Já a alma... a alma é imensa, e transborda, e galopa como cavalos selvagens pelas nuvens tempestuosas.
O corpo é uma jaula.
A alma é um mundo.