27 de out. de 2013

Supernova



É preciso abrir as janelas, tirar o pó do chão, enterrar os mortos.
Depois faço isso.
Parti, desisti, não arrependi. 
Deixei o sol, embora seja o sol, deixei o sol.
A luz cansou minha fé frágil.
É preciso dizer adeus agora, morrendo de medo, morrendo pelas promessas eternas não cumpridas.
A chama eterna que se apagou, o infinito que durou o necessário.
Dar boas-vindas ao novo eu que vem gingando confuso e leve de cima para baixo, de baixo pra cima.
Deixemos os protocolos, documentações, arquivamentos, oficializações e adeuses.
Vamos assim... de mansinho... aceitado a verdade que está de mãos dadas conosco.
Como Marisa... "Bem que se quis..." e vamos nos afastando e deixando as lembranças cantarem o fim da canção.
Nós quatro, eu, você, verdade e a ilusão.
Não te entregarei a culpa, também não ficarei com ela.
Não somos culpados pelo sol nascer e morrer,
Não somos culpados pelas estrelas surgirem e desaparecem atrás das nuvens escuras.
Não somos culpados pelo tempo que vem e nos transforma em outros sem pedir permissão.
Você sempre foi o anjo mais próximo, o detentor absoluto da minha vida e do meu sorriso.
Agora, neste momento, eu serei meu detentor, e você o seu. 
Coisa que já somos há certo tempo.
Somos agora uma supernova. 
A estrela que éramos será mãe de tantas outras.
Um dia, quem sabe.
A memória jamais partirá, ainda veremos nosso brilho no céu por tanto, tanto tempo, embora não estejamos mais lá.
Cumprimos nossa missão, fomos heróis tão presentes e poderosos.
Já não somos mais vítimas em perigo... 
Deixe que a vida venha e nos coma, ainda assim sobreviveremos nas entranhas dela.
Há tanto a dizer, e não deve ser dito.
O amor ainda está aqui, mas agora ele é outra coisa.