4 de out. de 2013

Fragmentos



Os olhos se tornaram uma represa onde os dias vão depositando seus detritos amargos, suas desesperanças.
A fé se tornou uma certeza tão frágil, um alicerce tão raso. 
Mas ainda está aqui.
De uma coisa estou certo, não é Deus que nos perdoa, somos nós que nos perdoamos ou condenamos.
Todos partindo e nada parece estar no lugar correto.
E as migalhas que sou parecem ser tão pouco para manter vivo nosso amor.
E eu sinto tanto, eu sinto tanto...

Aquela voz tão doce dizia temer minha desistência.
Aquela face tão amiga não quer me ver despedaçado de vez.
Como foi bom abrir minhas comportas, ter você para ouvir minha história por um instante.
Eu ainda estou lutando, mas pacificamente. Eu estou tentando, mesmo lentamente.
Eu sei que existem fragmentos de Deus dentro de mim, dentro de todas as coisas;
É que nem sempre é fácil encontrá-los.

Promessas não sairão mais dos meus lábios, tentarei ser uma versão mais concreta de mim mesmo.
E estes mesmos olhos, que agora jorram uma mistura límpida de medos e esperanças, 
observam as flores perfeitas pelo caminho.
Nunca colherei nenhuma delas, nunca serei nenhuma delas.
Eu apenas desejo passar um tempo num lugar onde não existam ataques.
Eu apenas desejo um pouco de silêncio na minha mente escura, repleta de cacos de vidro.
Estou partindo para me proteger de não ser eu.
Eu os perdoo, eu me perdoo.
Todos somos crianças tão tolas, crianças tão tolas...