1 de out. de 2013

Buraco negro

O passar dos dias se tornou um buraco negro.
E eu, que sempre temi o escuro e o desconhecido, fui sendo fragmentado e sugado...
Pensei que era o fim a me esperar, depois que desapareceram para negro infinito a esperança, a fé, os sonhos, até quase o amor, o que restaria?
Partículas, pequenos pedaços, fragmentos, lascas... lentamente dissolvendo-se.
Segui o mesmo destino, adormeci nos braços de uma noite libidinosa, sedutora, morna, silenciosa, e essa noite me embriagou, confundiu todos meus sentimentos, certezas, levou-me serena ao meu fim.
O fim que eu plantei, o fim que eu amei.
Então desperto num dia qualquer, embora todo dia seja um dia qualquer...
Procuro pelo buraco negro, porque sempre pareço procurar o que temo, e ele não existe ao meu redor.
Mas nada é o mesmo, tudo foi desconstruído e montado de uma forma estranha, ao meu ver.
Embora tudo esteja no mesmo lugar, eu desconfio... desconfio de tudo.
Então percebo o porquê de nada ter deixado de existir após a sucção do buraco negro...
É porque está tudo dentro de mim, tudo ao mesmo tempo agora.
Eu sou o fragmentado e o fragmentador.
Eu sou o temível e o temeroso.
Eu suguei tudo, eu sou o buraco.