12 de mar. de 2011

Submerso

Teremos de clamar por nossos heróis antigos.
Os heróis simples.
Aquele primeiro amor da infância.
Aquele sorriso de mãe diante dum erro descoberto.
Aquele amigo que conosco corria pelas ruas.
Aquela bela garota que cantava uma canção tão bonita.
Aquele doce garoto que sempre dizia haver uma segunda chance.

Porque tudo está tão triste aqui.
E as tempestades de verão afogaram as mais belas flores.
Tudo está tão solitário aqui, e o que é real e o que é ilusão acabou por se tornar o mesmo.
Faz frio dentro, a chuva continua caindo...

E ao redor, mesmo o que parece tão preenchido, está completamente vazio.
Os olhares, os olhares que antes traziam mundos a serem descobertos, hoje trazem apenas buracos desprovidos de vida.
Os sorrisos, os sorrisos que antes brilhavam mais belos que o alvorecer, hoje são perfeitas esculturas de mármore branco, gélidos, sem vida.

Teremos que voltar, mais desta vez, àquele colo que nos protegeu um dia.
Teremos que chorar como crianças injustiçadas.
Pois temos direito às nossas lágrimas,
temos direito aos nossos medos.

Mas voltaremos...

Voltaremos quando começarem a reluzir os tesouros enterrados na lama dessas ruínas.
Voltaremos, quando o amor mais uma vez derramar seu perfume por nossos jardins dizimados.
Voltaremos, pois não importa o tamanho da nossa dor, não importa nem mesmo a nossa morte...
Somos aqueles que sonham,
E aqueles que sonham, de alguma forma, jamais desistem.