1 de mar. de 2011

Digno suor

Feito loucos poetas perdidos,
Famintos e embriagados, continuaremos.
O que faz-se conosco,
Divina Piaf, rainha Madonna?

Marginalizam essa nossa arte de sermos nós mesmos.
Nós mesmos enquanto todo o resto é apenas uma única massa,
nutrida a vômito televisivo, à inércia espiritual, mental e cardíaca.
Regada a movimentos alucinados das zonas erógenas,
fazendo fluir e se perder o sagrado suor.

Pois o sagrado suor é do malabarista de semáforo, a nova profissão dos amáveis bobos de corte.
O sagrado suor é do acanhado poeta, que o mistura às próprias lágrimas, gerando a tinta rubra para seus fonemas.

O sagrado suor é o nosso!

O nosso, de jovens de vinte ou setenta anos, que abraçamos com tanto gozo nossas causas perdidas, nossas causas esquecidas.
O sagrado suor é o nosso; que temos asas de voar e raízes de firmar, e surfamos em nosso desespero e êxtase, em nossa alegria e em nossa calamidade.
O sagrado suor é apenas nosso, esses que vocês pouco ouvem gritar por terem ouvidos entupidos por uma pútrida maquete de ética, que define o que todos devem ou não absorver.

Pois bem; haja o que houver, continuaremos sendo os detentores da arte de se ser humano.
Continuaremos nos equilibrando em nossas pernas-de-pau,
Continuaremos trocando armas por flores,
Continuaremos preferindo o luar às cotações,
Continuaremos a exercitar nosso amor, extraindo disso o puro, único e verdadeiro: digno suor!