31 de out. de 2025

Resta




Resta ainda algo de um morno luzir no coração que já pouco pulsa 

Resta um leve sabor de vida 

Resta esse reflexo opaco na armadura desse soldado exausto de uma guerra infinda 

E isso que é tão pouco 

Provavelmente menos que nada 

Tem um valor incalculável por algum instante

A voz 

O perfume 

O brilho dos olhos 

Pequenos tesouros que pairam brevemente pela atmosfera 

Antes de deitarem ao chão 

E dissolverem-se como flocos de neve

Mas então a canção 

O sorriso 

E a palavra 

Outra delicada memória para adormecer  

No modesto relicário da alma.

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