20 de mai. de 2023

 


O já velho garimpeiro 

Outra vez 

Revolvendo o leito do rio cansado 

Em busca de algo que brilhe 

Algo que valha 

Algo que reste

Mas apenas memórias foscas surgem das águas 

Memórias que a correnteza sempre leva

E sempre traz de volta 

Nunca mais 

Nunca mais 

O inestimável diamante azul 

Com seu brilho inigualável 

Majestoso 

Impossível

Nunca mais a pureza extrema 

Perfeita 

Amada

Apenas as águas turvas 

O cascalho afiado cortando os dedos 

O cessar das luzes

A saudade

É então o fim 

É então tarde 

O garimpeiro repousa suas ferramentas

Gastas

Danificadas

E parte do rio 

Para o qual em algum momento há de retornar 

Para revolver de novo e novo

Sem esperança 

O leito silencioso 

Sem saber 

Que ali naquelas águas 

Só o

 que de precioso restara

Era ele.