23 de out. de 2021

Sigo

 


Disfuncionais palavras são repetidas e repetidas,

Como um feitiço incompleto,

Uma conjuração defeituosa.


Elas rastejam para fora dos dedos,

Suplicantes,

E fundem-se à paisagem fantasmagórica.


Humildes, tolas e puras,

Desfalecem ainda mornas

Antes de tocarem o solo que as germinaria.


Mas o coração merece algum aconchego 

Pelo esforço que faz em lançar claridades

Sobre o caminho agora sem significado.


Os sinais na estrada 

Falam sobre o fim dos tempos do amor,

Embora não falem sobre o fim dos sonhos. 


E ainda vejo outros velhos encantos,

Quebrados e espalhados,

Pairando pelos barrancos e troncos...


E eu apenas sigo,

Sem saber se é pouco ou muito

O tanto de esperança que não pude deixar para trás.