14 de out. de 2021

Quase livre também


Flutuam pela alameda solitária,

Dissolvidos no perfume do bosque recém absolvido

Pelas águas raras de outubro,

Ecos sombrios do futuro e do passado.


E dos ruídos que se fundem 

Não é possível distinguir 

O que são promessas,

O que são ameaças. 


Mas sob meus passos 

Permeia o caminho esta escuridão 

Bem mais morna e doce

Do que a que ainda reside na alma. 


Então liberto o velho menino, 

Encarcerado por tantos sonhos e pecados,

Para que corra abaixo das luzes cansadas dos postes

E beba do aroma mágico da noite.


Livre.

Livre...


Porque lhe é concedido o perdão 

Tantas quantas vezes seus olhos suplicarem,

Porque lhe será dado amparo,

Tantas quantas vezes voltar seus joelhos ao solo rude. 


Assim respiro profundamente 

Como se nada doesse,

Como se nada faltasse,

Quase livre também.