28 de abr. de 2018

Slow Motion


Sempre há uma brecha,
Uma porta frágil demais,
Uma arma descarregada,
Um nó na garganta.
Uma brecha por onde eles entram,
Uma porta que eles arrombam,
Uma arma que não defende,
Um grito de socorro que não sai.

E mesmo naquelas noites
Em que dormimos regando os travesseiros
Com novas lágrimas de esperança,
O dia seguinte é o mesmo que o seguinte,
E o seguinte,
E o passado permanece queimando a fogo baixo,
Morno demais, quase esquecível,
Apenas para lembrar de tudo o que não nos tornamos.

Não esqueci que você estava lá,
Segurando forte minha mão
Enquanto pedras e bombas voavam
Naquele mundo acabando em slow motion.
E ainda irei lembrar da cor dos seus cabelos e olhos
E de como sorria, mas no fundo realmente nada está lá...
Eu comecei toda essa ilusão e luta,
Ou elas começaram comigo?