4 de abr. de 2018

05/04


Para crescer também é preciso aprender a deixar partir; pessoas, ilusões, crenças; às vezes.
Havia sim a sensação de que o coração se tornara um cacto no deserto, daqueles que levam anos para florescer, e quando florescem, não há quem assista sua beleza antes do sol levar embora toda sua graça.
Nada está muito no lugar que parece ser o certo, mas talvez seja esse o certo, por ora.
Algumas dores se tornaram cansaço e algumas formas de amor se tornaram algo que os poetas ainda não criam palavras para nomear.
Esse espetaculoso bailar da fragilidade e da fúria da vida me assusta e fascina.
E talvez soframos dessa forma por coisas mínimas porque no fundo a alma é grande demais e se fere por estar confinada em coisas, sentimentos e espaços tão pequenos.
Crescer dói. Dói muito.
Essa pele que se rompe a cada dia, o olhar que aos poucos se expande e vê um pouco mais adiante. Mas é uma dor que ainda chamaremos de bendita, um dia.
Você riria muito se soubesse o que me levou às lágrimas hoje, e talvez se emocionasse com a forma como ainda resistimos, mesmo andando na linha do limite.
Um dia, eu sei, não daremos mais dez passos para trás e um para frente. Apenas caminharemos, lentamente, calmamente. Juntos.