18 de out. de 2017

18/10


As palavras que restavam jorrando de uma fonte quase seca e já esquecida não traçam um caminho de encontro, mas de fuga.
Poemas rasos e belezas pueris nutrem as raízes dos dias apenas o suficiente para que não desmoronem.
Passamos a ocultar de nós mesmos nossas singelas esperanças, quase envergonhados de desejar uma interrupção, uma trégua no pastoso funcionamento dessa máquina ruidosa e fétida que nos devora aos poucos.
Veja lá fora todas essas peças pré-fabricadas, semi-idênticas, estéreis, passivas, insossas. Todos nós. Fiéis para com a sina de não causar alarde, não falar muito alto, criar desconforto, estourar uma revolução definitiva.
Novos tempos antiquíssimos esses nossos.
Entendo que você não acredite que o homem foi à lua, mas acredite em uma Nova Ordem Mundial prestes a dominar o planeta. Entendo até os puros que tentam nos dobrar através do medo, adoçando o caos com raquíticas boas promessas de tempos menos crepusculares. Eu também durmo às vezes na minha cama de contradições. O que não entendo são essas batalhas explicitamente inúteis, obscenas, que nunca terão um vencedor. A fome e a sede. A saudade e a ignorância. Até Deus penso que entendo certo tanto. O que não entendo é o homem.