17 de out. de 2017

17/10


Desses farelos de beleza e esperança vamos nos nutrindo.
Vamos cuidando da manutenção dos músculos e da sanidade para dar cabo de cada dia após dia.
Os poemas sem destinatário vão para as gavetas da memória, até sumirem, dissolverem;
Os sonhos meninos de outrora parecem precocemente enrugados, com sorriso esguio de quem não quer assumir o cansaço. 
Hoje mesmo eu ainda disse: a gente é tanto pra só isso aqui!
E eu realmente acho a gente muito. Acho a gente grande demais. Mas temos que nos podar para os galhos não florescerem muito fora da caixa. Temos?
Elas sempre cantam que é sempre mais escuro antes da luz chegar.
Até gosto do escuro... aprendi a desviar dos possíveis monstros na sombra. A luz tem assustado. Cumprido seu papel de reveladora. Sei que não é ela o perigo, mas o que está por baixo dos véus que ela queima.
Eu fui à pique com aquele navio. Eu não me rendi. E o mundo abaixo da água era calmo e solitário. Você não estava lá e eu parei de ter alguns tipos de fé. Mas tudo bem nada estar completamente bem.
Porque eu insisto em dizer o que não faria falta em não ser dito é que ainda é um mistério. Todo resto me parece bem claro e óbvio.
Depois de vinte e seis anos o rio que separava o passado do futuro não parecia mais mágico. Parecia só água, água e nada mais. Sem os medos e expectativas, porque em algum momento a vida só vai indo com a gente sabe-se lá pra onde. Confesso que senti saudade do que não fui. Uma saudade que agora que começou parece que nunca mais vai acabar.