1 de out. de 2017

01/10


Aos poucos, também a saudade, até ela, vai se dissolvendo e se perdendo por entre os dedos.
A aridez dos dias torna quase impossível a conservação daquelas delicadas relíquias.
A poesia sempre foi a responsável por documentar a passagem dos dias, das estações, dos sentimentos, o que sempre cumpriu com boa vontade e pouca destreza.
São tempos estranhos, já o disse.
A chegada das Luzes antes de ser pacífica e delicada, tem sido severa; o que adormece nas sombras desperta a todo momento violentamente.
Mas aqueles velhos dias não eram mais valiosos que estes, não.
É que com olhos mais jovens é mais fácil ser tolo, e os tolos é que são felizes.
A gente aqui já não sabe se teme a própria fraqueza ou a própria capacidade, se teme viver numa atmosfera de sonho ou aceitar que já não se enxerga mais nada além do estritamente real.
O coração ainda pulsa forte, a alma reponde aos reflexos, mas algo me diz que esse excesso de lucidez ainda vai nos levar à loucura...