17 de nov. de 2013

Trancado


Eu tranco a porta.
Eu não digo adeus.
Eu esqueço a dor.

Desta página em branco não jorrará uma obra-prima.
Daquele telefone não sairá mais o som de uma voz que aqueça meu sangue.
Deste Jardim não sairão rosas para mãos quaisquer. 
Deste coração não sairá mais um sinal pedindo socorro.

Serei eu meu infinito, meu reino, minha paz.
Adianto desculpas pelas obrigações que impus ao seu peito.
Nenhum herói será novamente rogado.
Nenhuma canção de chegada ou despedida será cantada por estes lábios.

Desta vez também não aceito a presença da solidão; fiel amiga.
Da autopiedade, autocomiseração; coisas tão não excitantes. 
As lágrimas que escorrerem. estão por conta delas.
O que sangrar, sangrará por si mesmo.

Ainda que os desejos borbulhem, como a lava lenta e infernal dos vulcões.
Ainda que filetes de saudade volta e meia escorram pelas paredes rotas.
Ainda que a fé tenha partido antes do previsto, outra vez.
A porta permanecerá trancada até que a verdade bata nela.
Caso a verdade exista...