26 de nov. de 2013

Novo mundo

Houve aquele tempo em que havia tempo para molhar o olhar de lágrimas enquanto o sol ia deixando-se esconder pela baixa colina.
Houve aquele tempo em que o coração velejava num mar tão vivo, colorido e perfumado de ilusões...

Mas que novo mundo é este em que aporto?
Que ruas são estas? Que juízes são estes? Que gentes são estas?
Tudo tão rude, amargo, autoproclamado perfeito.
Agora o coração se aloja fundo no peito, esconde-se, 
como se sua própria natureza fosse criminosa.
Como se as flores fossem culpadas por serem amarelas ou vermelhas,
perfumadas ou desprovidas de perfume.
Como se as flores fossem culpadas por terem nascido flores.

Nunca doeu antes, por que dói agora?
Nunca doeu tanto a ignorância alheia, o julgamento desprovido de sentimentos alheio.
Como é estranha esta terra, onde o errado condena o inocente enquanto esconde as próprias mazelas.
Como é estranha esta terra, onde uns desejam o sangue dos outros.
Por pura sede, por puro prazer!
Como é fria esta terra...
Como é escura...

Não negarei meu desejo de voar!
Meu constante e ancestral desejo de regressar às Terras do Nunca.
Para sempre rogarei as asas que jamais me serão dadas!
Para sempre serei o caçador de um tesouro inexistente!
Eu ouvirei as vozes nas ruas,
Olharei nos olhos,
ainda assim.
Desejarei, talvez por mais que alguns instantes, estar imerso naquele abraço:
Aceito, acolhido, nutrido, acalentado.

Não há coração que não pare às vezes.
Não há sonho que não nos exploda de ansiedade.
Não há esperança que morra para sempre.