5 de ago. de 2013

Ao vento

As palavras; 
tão leves as minhas palavras; 
foram todas varridas pelo vento.
E embora ontem eu tenha visto Deus acenando das nuvens e hoje eu o tenha visto sorrir no luar e nas estrelas,
E embora eu tenha chorado diante da certeza de estar sendo ouvido,
Meu coração insiste em não saber se continua ou se para.

Eu amo esse lugar, essas coisas, essas sensações?
Ou apenas sou fraco demais para descosturar e libertar as asas que ainda sinto ter atadas às costas?
Talvez eu queira ser um ajudante na salvação do mundo,
Talvez eu só queira que o café esteja na mesa amanhã de manhã.

Serei sempre esse ensaio?
O egoísta que só não fere por saber que ferir é o que mais lhe dói?
O covarde que só não muda por preferir os medos conhecidos?

Às vezes me sinto tão grande que dói me carregar.
Às vezes me sinto tão ínfimo que um sopro espalha-me como farelos.


De "Nuvens de Janeiro"