25 de abr. de 2012

Paisagem



O que pesa tanto?
Nem é a vida viu, é essa alma de esponja que absorve tanto...
Isso sim cansa.
O chão nem parece mais concreto, a gente vai andando como se deslizasse, como se fosse água que não pensa, mas continua escorrendo pro lado certo, ou obrigatório.
O céu também nem parece céu, parece teto, de tão próximo. 
Azul pálido, de nuvens paradas, sem vida. Nem faz diferença.
Nas ruas os carros e motos passam com bandeiras presas. Hoje tem jogo do time da casa.
Uma coisa que sempre me arrepia e quase emociona é ver uma bandeira bruxuleando; qualquer bandeira, por qualquer motivo. Bandeiras representam fé em algo, e a fé é sempre bonita, mesmo que seja em algo tolo.
Não tenho sentido fé.
Mas não por deixar de acreditar, acredito nas mesmas coisas de sempre, e talvez até algumas a mais.
Mas fé pra mim é sinônimo de calor, e eu tenho sentido frio.
Saber que as coisas existem nem sempre é o bastante.
Que ser-humaninho insaciável sou eu. Lamentável.
Só não estou pra escolhas duras, só isso. Tudo bem?
Não espere grandes feitos nesses meus tempos áridos e quase frios.
Escolherei o caminho mais indolor dessa vez, o mais fácil possível.
Ainda não recuperei todo meu sangue... Não que tenha derramado muito, mas é que me corre pouco demais nas veias.
Tudo tem sido uma pintura, uma quase-obra-de-arte.
Talvez uma pintura Impressionista. 
Reluzente, verdadeira, mas sem lógica.